Thursday, August 13, 2009

Príncipes, Princesas, Sapos & Sapas

Desde que me separei, e entrei no maravilhoso mundo das pessoas solteiras ( o "mercado", para muitos ), que existe uma expressão recorrente na boca de todos: há que se beijar muitos sapos até se encontrar um príncipe.

Eu penso mais que é preciso beijar muitos príncipes até se encontrar o sapo neles.

Nao sei se é um defeito das pessoas em Lisboa ( e lá estou eu a dizer mal da cidade... ), ou se é um mal generalizado do nosso tempo, mas normalmente as pessoas relacionam-se procurando retirar algo umas das outras. Esse "algo" de que falo tem a ver, regra geral, ou com sexo ou com dinheiro. Há nove meses atrás, vi-me numa estação de comboios nesta cidade, com toda a minha vida em caixas e, desde então, tenho tentado criar uma nova vida. Uma nova casa - um lar -, um novo emprego, novos amigos, sem esquecer todos aqueles que, por algum motivo, terao ficado para trás. E no "novo", tenho-me deparado com esta triste realidade daqueles que assumem que lhes quero tirar um pedaço, porque afinal, é o mesmo que querem de mim.

Durante o período em que esbracejava de alegria, e que gritava "SOLTEIRAAAAA!!!!BORA LÁÁÁÁÁ", o facto de dar algo nestes termos não me importava muito. Era o esperado, de certa forma desejado, e muito embora fosse deixando as suas mossas, nada era realmente significativo. Ter uma vida em construção implica muitas vezes que se tenha de repensar as suas fundações e cometer erros de arquitectura. Contudo, tudo tem um preço e, no meu caso, penso que esse preço é um extraordinário cansaço e fastídio em relação ao que espero das pessoas.

Nem tudo tem a ver com o aspecto sentimental da coisa: contrariamente ao que poderia alguma vez imaginar, sou uma rapariga solteira muito feliz com a minha condição. O meu maior medo - solidão - afinal era uma desculpa patética para impedir o meu desenvolvimento pessoal.
Mas provei-me que, mesmo quando dou um beijinho na bochecha de um príncipe, aparece um sapo. E essa nem é a parte assustadora: às vezes, sai-me uma cascavel, desejosa de espalhar o veneno do desprezo pelas pessoas. São sempre as mesmas desculpas: a falta de tempo, a falta de "disponibilidade emocional", a falta de interesse em geral, e demasiadas vezes, o silêncio total e desconcertante, a falta de resposta.

Penso muitas vezes que, um dia, vou-me fartar de ser uma pessoa simpática, e que vou ter de usar a mesma máscara arrogante e antipática que geralmente as pessoas têm tendência para mostrar. O que é uma pena, porque acredito que existem pessoas positivas que vale a pena conhecer e deixar entrar na minha vida - pessoas que sentem o mesmo que eu e que também estão encarceradas nesta forma de vida de defesa e contra-ataque. Pessoas cujo ego tem um tamanho normal e que estão dispostas a viver, em vez de mentirem a elas próprias, e por consequência, aos outros.

Encontrar um príncipe ou uma princesa no meio de sapos? Toda a gente pertence à realeza, até se verem as verrugas por baixo de tanta maquilhagem...

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