Friday, December 18, 2009
All I need is a little time
Saturday, December 12, 2009
Contemplando aquilo que podia ter sido, ou as linhas paralelas
Friday, November 13, 2009
Facebook = regime totalitário?
um amigo do FB - amigo de uma amiga, ex-colega de faculdade - comunicou-me hoje que o FB lhe cancelou a conta sem aviso prévio, PELA SEGUNDA VEZ. Como eu não o conheço pessoalmente, logo a minha percepção dele é meramente via FB, o que eu posso concluir é o seguinte: esta pessoa tem postado e tem-se associado a grupos que têm opiniões controversas a nível religioso. Eu discordo dele em alguns pontos, mas entendo que qualquer plataforma de comunicação deve permitir a livre expressão, DESDE QUE TAL NÃO OFENDA OS OUTROS. Sendo uma pessoa espiritual, devo dizer que, pessoalmente, nunca me senti ofendida pelas suas posturas, porque acredito que a fé é algo que também brota da discussão entre seres humanos inteligentes - tal como a política ou o futebol, com as devidas distâncias.
Friday, October 16, 2009
Sem título II
Monday, October 12, 2009
Estaca Zero
Frases giras I
200 visitas
Sunday, October 11, 2009
Por uma vida mais autêntica...
Saturday, October 10, 2009
Friday, October 2, 2009
Sem título I
Sozinho na escuridão
Wednesday, September 30, 2009
Vermes
Tuesday, September 29, 2009
Um post pessoal
Ontem à noite, tive uma crise de ansiedade grave.
Como sempre, desde há já muito tempo, deitei-me na cama sabendo que não conseguiria dormir, porque sofro de insónias. É impressionante como o cérebro é uma máquina tão potente, mas tão letal ao ponto de fazer com que o cansaço físico seja um mal menor, comparado com a torrente de pensamentos que nos atormentam. Há meses que, todas as noites, me deito e penso em tudo: no fim da minha relação, nos fracassos das minhas relações presentes, nos meus comportamentos, na falta de rumo geral da minha vida e nas coisas estúpidas que digo e que faço. Em certa parte, um dos defeitos das pessoas que sofrem de problemas de ansiedade e depressão é o perfeccionismo, e este costuma dar sinais de vida quando a pessoa precisa de descansar.
Ninguém nota, normalmente. Ando por aí, faço o que tenho a fazer, sou uma pessoa sociável, passo-me da cabeça como toda a gente, mas não dou grandes sinais de ter um desiquilíbrio químico. Oculto o facto de tomar uma medicação especial todos os dias, até porque se não a tomar não começo a espumar da boca, ou a matar pessoas. Simplesmente, fecho-me no meu mundo e sou incapaz de comunicar ou de me relacionar com quem quer que seja.
Sabendo a sociedade em que estou neste momento inserida – classista, preconceituosa, machista e conservadora – falar deste tipo de situações é quase um suicídio social. Isto quer dizer que, se eu me abrisse, haveria potenciais pretendentes que fugiriam de mim a sete pés, porque ninguém quer nada com uma rapariga com problemas. Sei que há amigos que rapidamente deixariam de o ser, porque ninguém tem pachorra para alguém melancólico e por vezes, imprevisível. No entanto, eu tenho de mandar essas coisas todas à merda, porque não sou hipócrita. O primeiro que nunca chorou, ou que nunca teve vontade de morrer que atire a primeira pedra. Se não o admitir, é porque é mentiroso.
Tomar decisões e fazer escolhas, como a que eu fiz há onze meses atrás, para alguém com as minhas características, é muito mais do que um desafio: pode ser um potencial salto para o abismo. Uma pessoa que sofre de depressão nunca deve deixar a estabilidade para trás, sob pena de perder a razão. O problema está em que eu sofro de depressão, mas sou demasiado rebelde e teimosa para aceitar uma qualquer estabilidade. O objectivo a atingir, aqui, é a felicidade, não o marasmo.
Nas minhas andanças nestes meses, enquanto alguém com uma sensibilidade fora do normal, tenho sido violentamente agredida: são os amigos que só servem para os copos e para as quecas; é o trabalho em que nos querem ver pela porta fora, por muito competentes que sejamos; é a falta de oportunidades para explanar o nosso potencial profissional; são os amantes que, eles mesmos não sabendo o que querem, não nos sabem certamente amar.
E, em certos momentos, não dá para aguentar. Uma pessoa tenta, engole, comporta-se de acordo com a situação, reclama, luta, não dá parte de fraca e, um dia, a máscara colapsa. É como estar-se entalado entre dois espelhos, sem escapatória, e tudo o que vemos é a nossa figura, de um lado e de outro. Bloqueados e manietados mentalmente.
Ontem foi o cúmulo. Nem sequer se pode dizer que tenha havido uma causa para, mas a acumulação de todas as dores foi demais. Eram cinco da manhã, não conseguia dormir nem parar de chorar. A opção mais racional que fiz foi vestir-me, pegar nas chaves do carro e ir a correr para casa dos meus pais, de onde escrevo estas linhas. Pelo menos, tenho um sítio para onde ir.
Estou melhor, mais tranquila e consigo ver as coisas com mais claridade. Vai ser a partir de agora que vou deixar a imagem de mim, naquela estação de comboios, cheia de malas, e com toda a minha vida dentro de caixas, e que a vou substituir por uma imagem de mim mais construtiva e real: eu mesma, ainda que isso implique afastar pessoas da minha vida. Afinal, penso que de estímulos negativos, já tive que cheguem...
Friday, September 25, 2009
Apenas Honestidade.
Tuesday, September 22, 2009
Há dias assim...
Monday, September 21, 2009
Saturday, September 19, 2009
O meu blog-diário
hoje foi um dia chato. Acordei envolta no mau cheiro das casas de banho dos gatos, com o cão a lamber-me os pés, e pilhas de roupa espalhadas pelo quarto. Arrastei-me até à cozinha para fazer um café, que servi numa caneca que não era lavada há três dias. Depois, abri o frigorífico e apercebi-me de que tenho de ir ao supermercado urgentemente, porque tudo o que tenho para comer é sopa e ovos.
Vesti o fato de treino, fui ao café comprar tabaco e aproveitei para passear o cão. De repente, lembrei-me que vinha cá a casa o senhor da certificação energética fazer uns testes quaisquer, e que não o podia deixar entrar em casa se esta estivesse estilo Jardim Zoológico em dias de chuva. Então, dediquei-me a limpar até o senhor aparecer, por volta da hora de almoço. Quando o senhor se foi embora, deitei-me no sofá a ver o Family Guy e adormeci por um bocado.
Wednesday, September 16, 2009
Segundas Vidas
Isto é daquelas coisas que requer explicações da minha parte, explicações essas que agora não me apetece muito dar. Em poucas palavras, todas as terça-feiras faço exerço uma actividade online para todo o mundo, que em Lisboa me vedam, porque não pertenço a nenhum clube restrito de pseudo-intelectuais.
E há um mundo virtual, onde pessoas de todo o mundo podem deixar a sua pele real para trás e ser simplesmente o que querem, sem grandes regras ou obrigações. O Second Life seria o mais próximo daquilo que eu imagino como sendo uma sociedade anarquista, a sociedade em que eu gostaria de viver.
Não digo que ser DJ seja o sonho da minha vida, mas permite-me comunicar com outras pessoas através da música de que gosto, e aproxima-me de comunidades com as quais me sinto identificada, de uma forma que eu sei que é impossível na vida real. Existem demasiados constrangimentos... se calhar, é por causa disso que nós, seres humanos, estamos cada vez mais isolados...
Criar uma personagem no Second Life e viver essa vida paralela tem-me ensinado milhares de coisas sobre mim. Tenho aprendido a sair da casca, a ser eu mesma, a dizer aquilo que tenho para dizer, e a viver a vida real de uma forma muito mais livre. A maior parte das pessoas não entende como é que um conjunto de bonequinhos perfeitos, operados por sabe-se lá quem e onde, pode interagir de formas tão intensas – ou mais – do que na vida real. Essa foi a permissa que me intrigou e que me levou a entrar nesse mundo.
E, contra o meu sentido de racional, fiz amigos de carne e osso, apaixonei-me, ri-me, chorei, apanhei bebedeiras, e conheci pessoas cuja forma de pensar poderia revolucionar o mundo. Na verdade, tudo no Second Life é real, e poderia ser MESMO real se alguém cá fora estivesse disposto a escutar – se ainda houvesse humanidade.
No entanto, somos forçados a ser escravos das conveniências, e a calar-nos, porque somos números. Em certa parte, a nossa humanidade está contida em bonecos feitos de pixels...
O meu próximo desafio na vida real: encontrar um dance pole na vida real, e dançar nele até cair para o lado, com toda a gente a ver.
Tuesday, September 15, 2009
Rometa e Julieu
Encostada ao peito do seu amado, Rometa pensava com afinco se realmente amava aquele Sansão que lia Virgina Woolf em voz alta, sem conseguir apreciar nem uma palavra. Inspirou o seu cheiro a cavalo e sentiu as entranhas revolverem-se. Seria o medo do compromisso, ou seria ele realmente um burgesso? Assim, ela enunciou a frase que faz a maior parte dos homens tremer de medo:
Amor, temos de falar...
Julieu era um homem alto, gordo e descabelado. Os seus arrotos ouviam-se a meio quilómetro de distância, e ele tinha orgulho em demonstrá-lo em restaurantes de cinco estrelas. À primeira vista, ninguém diria que este Gerard Depardieu à portuguesa era um dos mais conceituados – e multifacetados – artistas plásticos do país.
Rometa era uma rapariga magrita, de olhos cor de avelã rasgados e penetrantes, que trabalhava como estivadora num centro comercial. Fora por acidente – ou sorte, nos tempos que correm, já nem se sabe muito bem... - que tinha arranjado esse trabalho. O que ela gostava realmente de ser era escritora, mas ninguém a levava a sério.
Rometa e Julieu conheceram-se num bar de má fama no Cais do Sodré: ele gostava de mulheres da vida e de coca; ela precisava de uma bebida forte quando saía do trabalho e de ver gente normal, para se sentir viva. Rometa levava uns vodkas a mais na bagagem, e ao ver Julieu snifar uma linha com uma nota de 100 euros, umas mesas à frente, lembrou-se que já o tinha visto na televisão. Por isso, levantou-se, e bamboleando-se, sentou-se na mesa dele. Rodeado de putas, que fugiram quando Rometa se sentou, Julieu esbugalhou os olhos e fitou-a de alto a baixo. Ela sorriu-lhe, um sorriso que só os demónios sabem fazer. Foi tudo o que foi preciso para que acabassem enrolados durante mais de 10 horas seguidas em casa dele.
Recuperando da ressaca, já em casa, Rometa olhava absorta para a parede da sala e não conseguia pensar. Decidiu que talvez devesse deixar de beber tanto, e quem sabe, tentar encontrar um sentido para a vida; ser mãe, arranjar um emprego decente, ficar em casa a ver televisão em vez de ir para bares de má fama procurar sarilhos. Fora mais uma das estórias para contar no livro que nunca iria escrever...
Julieu, por seu turno, estava fascinado com aquela odalisca do povo, que sem dizer uma palavra, arrancara o animal que havia nele. Aquela mulher havia de ser a futura mãe dos filhos dele...
Voltaram a encontrar-se para jantar – Julieu pagava, como um cavalheiro. E como o cavalheiro que era, tentou não comer de boca aberta, nem arrotar, mas a sua natureza era demasiado forte. Rometa, como todas as mulheres, não comentou, mas registou o acontecimento na sua lista de razões para não se envolver mais. Contudo, horas depois, viu-se com o robe dele vestido, em cima de uma poltrona, fumando um cigarro pós-coital e vendo as luzes de Lisboa, ao som de Django Reinhardt.
Ela pensou: o amor deveria ser o sentimento mais simples do Mundo. Não devia ser condicionado por aquilo que os outros pensam ou dizem, nem por aquilo que nós pensamos. Deveria ser algo natural, animal, sem explicações nem razões. Eu não devia ter medo, as pessoas não deviam ter tanto medo. No entanto, estou aterrorizada, apavorada. E este medo vem do facto de eu não amar este homem.
Julieu, no quarto, ressonava. Sonhava em fazer um filho a Rometa e fugir, voltar a aparecer, fazer-lhe outro filho, e fugir de novo. Essa era a relação perfeita entre homem e mulher, até que a morte (ou uma brasileira) os separasse. No seu sonho, Rometa estava sempre à sua espera na cama, de pernas abertas, pronta para mais uma. E depois dela, havia outra amante, noutra ponta da cidade, exactamente na mesma posição. E mais outra... Contudo, seria sempre para Rometa que ele voltaria, porque a amava.
Ao nascer do sol, Rometa vestiu-se, saíu de casa de Julieu sem olhar para trás e prometeu-se encontrar um sentido para a sua vida sem ele. Nem que tivesse de descarregar camiões até ao fim da sua vida...
Meses depois, Julieu apareceu. Haviam concordado em manter uma cordial amizade, que ele constantemente desafiava, contra os esforços diplomáticos de Rometa em manter o nível. Nessa noite, Rometa não resistiu e percebeu que Julieu era o homem da sua vida. E disse-lhe que o amava.
Prometeram tentar durante uma semana serem um casal normal. Ele ia ter a casa dela à noite, jantavam, viam televisão e depois faziam amor. Ao fim de dois dias, Rometa deu-se conta que tinha de mudar os lençóis da cama sempre que ele lá dormia; a tampa da sanita estava sempre para cima; a banheira ficava cheia de cabelos e de gordura depois de ele tomar banho.
Ao sétimo dia, Rometa estava aninhada em Julieu, que lia Virginia Woolf em voz alta, sem conseguir apreciar nem uma palavra. Vencendo o medo de ser tornar invisível e de nunca encontrar um sentido para a vida, ela murmurou:
- Amor, temos de falar...
Monday, August 17, 2009
O que é que correu mal?
História de amor mais perfeita não podia ter sido escrita para estes dois: tinham-se conhecido na universidade, no mesmo curso. Ela, como todas as raparigas, olhava-o pelo canto do olho e sorria secretamente; ele, como todos os rapazes, oscilava entre ignorá-la e fazer graçolas para lhe chamar a atenção. Surgiu uma amizade que nenhum admitia ser algo mais, até porque ele tinha namorada havia anos. Abnegada, como todas as raparigas, ela era companheira e confidente, mas desejava ardentemente algo mais. E prometeu-se esperar.
Passou um par de anos, e a situação inverteu-se: continuavam amigos e confidentes, mas ela conhecera entretanto outro homem e apaixonara-se, enquanto ele descobrira que a sua namorada o traía. Maldizendo a sua triste sorte, ele submeteu-se aos murros no estômago que levava de todas as vezes que ela falava do outro, ou quando os via juntos. Nada mais lhe restava senão sorrir e fazer de conta que tinha outros interesses.
Com o passar do tempo, foram-se afastando. Ela sentia-se mal quando ele estava presente, ele deixou a universidade por uns meses para trabalhar noutros projectos. Um outro par de anos depois, voltaram a encontrar-se casualmente. E não pensaram duas vezes: numa semana, ela mudou-se para casa dele, e começaram a construir um lar. Afinal, parecia que o destino dava realmente mais oportunidades àqueles que realmente se amam...
Primeiro, foi a rotina, os horários de trabalho desencontrados, os projectos que não podiam recusar, o cansaço. Tudo o que ela queria era chegar a casa, jantar, e deitar-se no sofá a ver televisão. E ele, obcecado com maquetas e com o dinheiro, não saía do escritório. Deitavam-se lado a lado sem dizer uma palavra. Ela sabia que ele a amava, portanto não precisava de o ouvir; ele amava-a, não precisava de lho dizer – podem os sentimentos realmente sobreviver sem serem enunciados? Não demorou muito para que ambos deixassem de conseguir comunicar, o que levou a que discutissem constantemente. Sem planos, ela engravidou, e ambos pensaram que a relação iriam mudar para melhor com esta evolução. Passara-se um ano e meio desde que se tinham juntado.
O filho nasceu, e os momentos iniciais de alegria converteram-se em confusão e caos. Noites sem dormir, excesso de trabalho, demasiada televisão e café, demasiados gritos e pouca compreensão mútua. Quando o bebé fez um ano, a sua vida acalmou um pouco, e decidiram e viajar para reacender a chama. Previsivelmente, foram passar duas semanas a Paris, e previsivelmente, perceberam que não havia chama nenhuma para acender. Dois estranhos deitados na mesma cama, olhando para o tecto do quarto, em silêncio. Não sabiam sobre o que conversar e não sabiam o que queriam. Ela pensava em horários de museus, fotos que queria tirar, como estaria o seu filhote, compras para ela e para a família... Tudo o que ele queria era deambular por Paris e ver a arquitectura da cidade, como tantas vezes o tinham feito juntos. Não queria pensar em nada mais, muito menos no porquê de não lhe conseguir dar a mão naquele preciso momento.
Os anos seguintes foram uma misto de discussões e de silêncios, adequadamente escondidos da família e dos amigos, até ao dia em que ele arrumou uma mala com roupa e saiu de casa. O divórcio seria assinado seis meses depois.
“O que é que correu mal?”
Ninguém sabia que, cinco meses depois de estar a viver com ela, conhecera uma rapariga no trabalho. Ninguém sabia o que ambos tinham sentido quando se viram pela primeira vez, nem tão pouco imaginavam que tinham tido um caso durante duas semanas. Um caso que ele terminara porque acreditava que amava a sua namorada.
Ninguém poderia prever que se voltariam a ver, anos depois, no momento em que ele voltava de Paris com a sua mulher. E ninguém se apercebeu de que ela o esperava no café, quando ele acabou de assinar os papéis de divórcio...
Saturday, August 15, 2009
A nossa humanidade
Outro dado interessante que o artigo foca é o de que, embora o engate seja muito fácil, quem busca mais do que o suprir de necessidades biológicas típicas da espécie tem a vida muito mais dificultada. Ou, como eu costumo dizer, pichas há muitas, mas homens é que há poucos. Aparentemente, as pessoas têm uma extrema dificuldade em relacionar-se devido à bagagem emocional que transportam com elas, sendo portanto mais fácil viver com uns quantos one-night-stands na consciência, do que com a memória de relações falhadas. O peso do dia-a-dia, a crise (?), a rotina, as carreiras e essas coisas todas tiram a tesão à coisa. Mais, e isto é sério: a fidelidade também anda pelas ruas do Bairro Alto, tendo já passado por melhores dias. não é nada invulgar ver a malta a dar uma de amante latino (e latina, que isto toca a todos), com a monga (ou mongo) em casa a ver televisão. Na verdade, quem sabe? Se calhar, os ditos-cujos estao na esquina acima a fazer exactamente o mesmo.
A minha experiência diz-me que estou mal-habituada: gosto de me sentar ao balcão de um bar a beber qualquer coisa, e gosto de conhecer as pessoas à minha volta, sem esperar levar alguém para casa. Erro crasso, porque é muito provável que me queiram levar a mim para casa, o que é lamentável, dada a minha boa-vontade em conhecer gente.
Ao mesmo tempo, por muita vontade de rir que tenha ao analisar esta radiografia da nossa sociedade (e em grande parte, da dos outros também), não consigo deixar de me sentir triste com a mediocridade das pessoas. Entristece-me o facto de as pessoas em geral andarem por aí a passear-se de copo na mao, pintando uma auto-imagem estilo pavão (cauda bem aberta para mostrar o uau em si), para satisfazerem necessidades que, no fundo, não passam de falácias para encobrir a sua própria solidão. O flirt, o engate, o sexo, isso é tudo fantástico, mas não tem piada nenhuma se não acarta em si qualquer tipo de sentimento. Nesse caso, representa uma postura egocêntrica, básica, vazia e inútil.
A maior parte das pessoas com que me relacionei nessa base desde que me vi numa estação de comboios com a minha vida em caixas corresponde inteiramente ao perfil acima descrito: monga em casa (e quando sem monga em casa, monga fantasma na sua cabeca), cauda de pavão em leque mostrando o quao bons foram há não sei quantos anos atrás, ansiosos por consumar mais uma fetichada. De resto, nada. Absolutamente nada. Existe sempre uma desculpa emocionalmente forte (aparentemente!) para que os laços não se estreitem. E é com alguma mágoa que tenho de me inserir neste grupo, porque eu também já o fiz. Só que pergunto-me se alguma destas pessoas teve os problemas de consciência que eu tive ao abandonar de certa pessoa ao raiar do dia.
Acho que este é um exemplo numa escala muito doméstica (de alcofa!) de como há pessoas cuja humanidade simplesmente desapareceu. Pessoas que olham para os outros como um meio para atingir um fim, neste caso, satisfação do ego e satisfação sexual. Por isso é que é tão dificil separar o trigo do joio, e encontrar alguém que seja, ainda, um pouco humano – com tanto pavão para aí de copo na mão, não admira...
Thursday, August 13, 2009
Príncipes, Princesas, Sapos & Sapas
Eu penso mais que é preciso beijar muitos príncipes até se encontrar o sapo neles.
Nao sei se é um defeito das pessoas em Lisboa ( e lá estou eu a dizer mal da cidade... ), ou se é um mal generalizado do nosso tempo, mas normalmente as pessoas relacionam-se procurando retirar algo umas das outras. Esse "algo" de que falo tem a ver, regra geral, ou com sexo ou com dinheiro. Há nove meses atrás, vi-me numa estação de comboios nesta cidade, com toda a minha vida em caixas e, desde então, tenho tentado criar uma nova vida. Uma nova casa - um lar -, um novo emprego, novos amigos, sem esquecer todos aqueles que, por algum motivo, terao ficado para trás. E no "novo", tenho-me deparado com esta triste realidade daqueles que assumem que lhes quero tirar um pedaço, porque afinal, é o mesmo que querem de mim.
Durante o período em que esbracejava de alegria, e que gritava "SOLTEIRAAAAA!!!!BORA LÁÁÁÁÁ", o facto de dar algo nestes termos não me importava muito. Era o esperado, de certa forma desejado, e muito embora fosse deixando as suas mossas, nada era realmente significativo. Ter uma vida em construção implica muitas vezes que se tenha de repensar as suas fundações e cometer erros de arquitectura. Contudo, tudo tem um preço e, no meu caso, penso que esse preço é um extraordinário cansaço e fastídio em relação ao que espero das pessoas.
Nem tudo tem a ver com o aspecto sentimental da coisa: contrariamente ao que poderia alguma vez imaginar, sou uma rapariga solteira muito feliz com a minha condição. O meu maior medo - solidão - afinal era uma desculpa patética para impedir o meu desenvolvimento pessoal.
Mas provei-me que, mesmo quando dou um beijinho na bochecha de um príncipe, aparece um sapo. E essa nem é a parte assustadora: às vezes, sai-me uma cascavel, desejosa de espalhar o veneno do desprezo pelas pessoas. São sempre as mesmas desculpas: a falta de tempo, a falta de "disponibilidade emocional", a falta de interesse em geral, e demasiadas vezes, o silêncio total e desconcertante, a falta de resposta.
Penso muitas vezes que, um dia, vou-me fartar de ser uma pessoa simpática, e que vou ter de usar a mesma máscara arrogante e antipática que geralmente as pessoas têm tendência para mostrar. O que é uma pena, porque acredito que existem pessoas positivas que vale a pena conhecer e deixar entrar na minha vida - pessoas que sentem o mesmo que eu e que também estão encarceradas nesta forma de vida de defesa e contra-ataque. Pessoas cujo ego tem um tamanho normal e que estão dispostas a viver, em vez de mentirem a elas próprias, e por consequência, aos outros.
Encontrar um príncipe ou uma princesa no meio de sapos? Toda a gente pertence à realeza, até se verem as verrugas por baixo de tanta maquilhagem...
Wednesday, August 12, 2009
Gente com pancada
Gosto de sapatos. Gosto de roupa, preferencialmente peças fora do vulgar que digam como é que me estou a sentir nesse dia.
Gosto de gelado de frutos silvestres. Gosto de me fechar em casa e de não falar com ninguém, mas também gosto de falar pelos cotovelos. Gosto de ouvir gente com pancada e as suas teorias malucas. Gosto de ouvir gente normal falar sobre coisas sem importância.
Gosto de homens. Gosto de sushi e de comida vegetariana. Gosto de fumar cigarros. Gosto de beber cerveja sem álcool.
Gosto de computadores. Gosto da Internet e da ideia de viver numa perspectiva global. Gosto de vidas virtuais em que toda a gente pode ser aquilo que não pode ser na vida real. Gosto de escrever, e gosto de ler o que os outros escrevem, mesmo quando é lixo.
Gosto do som do mar, e de mergulhar debaixo das ondas. Gosto de me deitar na relva na Gulbenkian a ouvir música. Gosto de fazer Yoga, principalmente quando isso implica torcer-me toda.
Gosto de bichos de quatro patas, e até de alguns de duas patas.
Gosto de me rir às gargalhadas. Gosto de me sentir melancólica e de chorar ocasionalmente. Gosto de dançar e de fazer figuras idiotas, gesticular e caretas. Gosto do meu cabelo e de me pentear todos os dias de uma forma diferente.
Gosto do cabelo dos outros, é o primeiro traço que me chama a atenção. Gosto de falar quatro línguas ao mesmo tempo numa frase, porque me apetece. Gosto de ser intuitiva e de ser curiosa.
Gosto de cócegas, desde que não sejam nos pés. Gosto de ver as pessoas a sorrir, e de as fazer rir. Às vezes, também gosto de as fazer chorar, mas muito raramente. Gosto de conduzir à noite sem destino, por Lisboa. Gosto das coisas simples, mas as coisas complicadas também me agradam. Gosto de quebra-cabeças e de surpresas. Gosto de lógica, mas gosto mais ainda da experiência.
Gosto de meter o nariz onde não sou chamada.
Gosto de ter borboletas na barriga. Gosto de estar no controlo das situações, mas também gosto da vertigem de me tirarem o tapete de debaixo dos pés. Gosto de esculturas em ferro forjado, de cinema e de quadros coloridos.
Gosto da rotina, principalmente quando a rompo. Gosto de viajar e de o fazer ao contrário dos turistas normais.
Gosto de beber muito café. Gosto de beber muitos sumos, mas prefiro sumo de ananás.
Gosto de ser especial. Gosto de estar onde estou, e de ter a consciência de que estou a mudar todos os dias, com todas as coisas positivas e negativas que isso implica.
E acredito em milagres, acho que já vi alguns.
These are a few of my favourite things. So deal with it.
Tuesday, August 11, 2009
Quarenta minutos entre agora e a uma da manhã
Escuto demais, não falo o suficiente.
Canções e estrelinhas, às vezes vejo tudo a brilhar.
Ainda estou a tentar perceber o que estou aqui a fazer.
Para escrever má poesia, prefiro dormir.
Para dormir, preferia ter-te ao meu lado,
sejas tu quem fores.
Serve qualquer peito peludo de Homem?
Podia ficar todo o dia deitada no sofá
de olhos fechados
a Imaginar
o que seria a Vida contigo.
A Vida sem ti, isso eu sei muito bem como é:
é boa, mas falta-me o cheiro a Homem.
Égoiste, Hugo Boss.
Friday, July 17, 2009
Lisboa, uma relação turbulenta.
No entanto, quando penso no título que dei a este post, e nas implicações que ele acarreta, só me vem à cabeça o seguinte diálogo:
A - Mas a X e o Y voltaram a juntar-se?
B - Pois é...
A - Mas eles davam-se tão mal, não se entendiam... Depois, estiveram separados quantas vezes?
B - Olha, um ano em 2001, e depois outra vez há 3 anos. Dessa vez, foram quase 2 anos separados.
A - Não percebo. A sério que não percebo.
B - Pois...é como aquelas pessoas que têm uma relação má, mas como é a única coisa que têm, não se conseguem separar.
A - Pois, como se fosse para enfrentar o mundo quando estão sozinhos. E como se não fossem capazes...
B - É isso. Como não têm mais ninguém...
A - Pois...
Et voilá! Bem-vindos ao meu blog, um corrido de textos virados para dentro, sem complexos quanto ao facto de os blogs serem, geralmente, umbiguistas. Lol!