Friday, October 16, 2009

Sem título II

Sometimes, it's hard
to be
real
whole
sensible

and fashionable

all at the same time.

It would be easier
if I was just
quiet
a closed clam
if I would just break all the mirrors
that reflect the exact opposite
of who I am

I have to feel
warm
strong
safe

all on my own

Are we really the people who rule the world?
Or is it the world that rules us?

Monday, October 12, 2009

Estaca Zero

Admitir a dor.
Assumir o sentimento de culpa.
Perceber que, que queiramos ou não, a vida não se compadece das nossas decisões, mas que não se pode simplesmente fugir para a frente.
Curar as feridas.
Dar um tempo para elas sararem.
Amar o passado, e nunca esquecer quem não nos esquece.
Aprender para dentro.
Fazer listas de tarefas e cumpri-las.
Não mentir ao próprio.
Escrever sobre o assunto.

Esta é parte da minha Estaca Zero, o ponto em que recomeço realmente a minha vida depois da ruptura. Vai ser um bocado como deixar de fumar: acho que vou andar de mau-humor e que não vou ser a melhor companhia para ninguém. Não vou ser fabulosa, porque não me sinto minimamente fabulosa – embora tenha umas roupitas novas que enfim :-)

Sei que vão haver pessoas que se vão afastar, e na verdade, não as censuro. É mais seguro para nós mesmos fugir de um comboio prestes a descarrilar, do que ficar à espera de ver se o maquinista o consegue controlar. Na mesma posição, até eu fugiria de mim! É possível que diga coisas parvas, ofensivas, ou que seja mal-interpretada. Não vou andar por aí a mostrar-me, porque não tenho nada para mostrar. Não há razões para celebrar, nem para ir beber copos.

A parte da lista correu bem, hoje. Mas, a parte da lista que tinha a ver com trabalho, nem por isso. Ser a minha própria chefe é muito complicado – trabalhar em casa É extraordinariamente complicado. Confesso que ainda não me sinto preparada para enfrentar o mundo do freelance, mas também sei que é uma questão de sobrevivência. No entanto, tenho estado tão frágil nestes dias que penso que talvez fosse um bocado demais exigir tanto de mim mesma. As ideias estão aqui, eu sei o que tenho de fazer para as concretizar. Só que para me poder vender, agora mesmo, tenho de acreditar em mim e, francamente, como disse acima, até eu fugiria de mim...

Talvez esta coisa do blog até não seja má ideia, também. Escrever ajuda-me a pôr as ideias em ordem, e até pode ser que se alguém se vir na mesma situação que eu se possa sentir identificado, e quem sabe se isto não poderá ajudá-lo/a. Eu ficava contente se assim fosse: eu fico contente quando as outras pessoas estão contentes.

Eu sei, é idiota escrever na agenda “Ponto 3 – comer”. Mas, graças a esse ponto, hoje fiz um bom jantar para mim. Considerando que eu quase não como, ou então só como gelados e pizzas e comida japonesa take away, não está mal. Não creio, no entanto, que esteja ainda preparada para enfrentar alguns aspectos do mundo exterior, sendo que muitos deles envolvem pessoas. Pessoas complicadas, chatas, com os seus problemas próprios que decidiram não resolver. Pessoas, no fundo, como eu...

Será que amanhã conseguirei, finalmente, trabalhar? Isso era excelente...

Frases giras I

Os amigos são como os cactos: picam pra caraças; em contrapartida, dão excelentes ornamentos decorativos.

200 visitas

um marco histórico, principalmente tendo em conta que pelo menos 190 delas são minhas...

Sunday, October 11, 2009

Por uma vida mais autêntica...

Deitei-me durante uma hora e meia, na tentativa de descansar um bocadinho a minha mente e preparar-me para trabalhar. A ideia não era tanto dormir, era mais ficar por uns momentos naquele espaço entre o sono e o acordar, como uma espécie de meditação. Não consegui.

Não consigo dormir há uns meses, a não ser que tome um comprimido. Na verdade, já nem com esse estratagema consigo descansar: a minha cabeça começa a mil, a projectar-me filmes, uns que aconteceram, outros que eu gostava que acontecessem, outros que nem uma coisa nem outra, e no fundo, tudo o que quero é não sonhar, é descansar apenas, e não consigo.

Podia mentir a mim mesma, e dizer que não entendo o que se passa. Podia tomar um remédio mais forte, tentar fugir para mais longe, rir mais alto, brincar ao faz-de-conta para ver se isto passava. No entanto, eu não sou esse tipo de pessoa. Já fui, mas estou farta dos esquemas em que tanto se mente, e tanto se começa a acreditar nas mentiras que, às tantas, já não se sabe bem quem somos. Se tu és assim ( e ao dizer “tu”, estou a falar genericamente), e se funciona, óptimo. A ver até quando...

No dia 1 de Novembro de 2008, por volta do meio-dia, enchi-me de coragem e disse à pessoa com quem queria passar o resto da minha vida que, afinal, as coisas não eram bem assim. Esta frase que acabei de escrever não acrescenta nada de novo a muitos outros textos que já escrevi aqui, e é uma história antiga. Não será nada de novo dizer também que foi uma decisão ponderada – mas não menos difícil – que implicou uma mudança violentíssima na minha vida. Foram seis anos de uma relação que teve óptimos momentos ( e péssimos também...), uma relação que me levou para fora de Portugal e na qual havia planos de futuro. Por causa da decisão que tomei, tive de regressar para onde eu tinha prometido a mim mesma que não voltaria; tive de recomeçar uma estrutura social e profissional; tive de enfrentar um sempre eterno medo de estar sozinha.

Hoje, dia 11 de Outubro de 2009, culmina (ou começa, nem sei muito bem) um processo de auto-entendimento que é fundamental para evitar uma tendência que sempre tive para a auto-destruição.
Começa com o afastar definitivo de um complexo de culpa enorme que tenho sentido ao longo de todos estes meses, racionalizado no facto de, se fui eu quem terminou, então tenho de estar lá em cima a nível de estado de espírito. Não, não estou. Estou a sofrer por dentro como nunca pensei ser possível sofrer-se por amor. Eu sei que nós fizemos tudo o que nos era possível para salvar a nossa relação, mas nós eramos demasiado teimosos, demasiado apegados, demasiado aquele ser bicéfalo em que duas pessoas se tornam quando se amam. Um amigo meu, mais sábio do que aquilo que ele poderá imaginar-se, disse-me outro dia: o problema não está no facto de a relação acabar, está no facto de olharmos para trás e percebermos que as coisas não funcionaram. Eu queria tanto que funcionasse...but it was broken.

Baseando-me então no falso pressuposto de que, se fui eu quem terminou, então tenho de estar lá em cima a nível de estado de espírito, entrei a mil na minha nova vida. Não tinha tempo para arrependimentos, para sofrimentos e outros “mentos”, porque afinal, o tempo passa a correr e eu queria correr com ele. Fiz o do costume: anestesiar-me com álcool, porcarias e outros gajos. E, como qualquer pessoa partida ao meio, esperar demasiado das pessoas. Desses outros gajos. Dizia para mim mesma que, por mais que soubesse que se aproveitavam da minha fragilidade, eu também me aproveitava deles, e que ao menos me divertia. Se, por um lado, há o seu quê de verdade neste pensamento, a imagem em grande é que estive a acumular dor por cima de dor, para fazer com que a verdadeira dor se fosse embora. Claro que não foi.

Admitir isto é das coisas mais difíceis que alguma vez fiz na minha vida, tão ou mais difícil como deixar o meu ex-namorado. Foi toda uma vida nova, boa, positiva, construtiva, que foi ao ar. E, em consequência, tenho acumulado merda por cima de merda.
Não tenho alternativa senão parar de fugir e assumir o luto. It's broken, não há nada mais para onde voltar. Nem tão-pouco desejo voltar para uma pessoa que, por muito que tenha qualidades, tem defeitos que não posso tolerar. Não mudaria nada agora, nem nunca. Foi uma boa decisão, mas o que se seguiu é que não foi.

Então, o que se segue?
Uma mudança de vida radical. O luto, perdoar-me e assumir que tenho de fazer mesmo tudo de novo. Ser uma pessoa boa para mim, consciencializar-me de que quem decide sou eu, e decidir tendo em conta que, se estou doente do coração, não me faz bem ter atitudes que me debilitam.
Não vou voltar a esperar dos outros aquilo que nem eu mesma me posso dar. Não vou entrar por um caminho de auto-destruição, porque a culpa me diz que, no fundo, é isso que eu mereço. E tenho de parar de tentar estar em dois sítios ao mesmo tempo, na vida que era suposto ter tido, e naquela em que estou agora mesmo. Mais, vou parar de tentar ser uma estrela de rock na vida presente; ser apenas eu é muito mais complicado, mas muito mais verdadeiro.

It was broken, couldn't be fixed. But I can still fix myself...

Saturday, October 10, 2009

Friday, October 2, 2009

Sem título I

São três e meia da manhã...olá, está alguém por aí?

"vai dormir, ó caramela!"

está bem...*snif*

Sozinho na escuridão

Era de manhã. Ele estava diante do espelho, compondo a gola da camisa, esticando levemente o pescoço. Não se conseguia habituar àquela camisa, tão apertada...
De repente, parou e ficou simplesmente a olhar para o seu reflexo.

Ele passava pela rua, de óculos escuros, cigarro dependurado nos lábios, ainda com o cheiro da noite anterior na pele. Era alto, alourado, e escondia os olhos cor de avelã do Mundo porque, simplesmente, havia demasiada claridade na rua para quem acabava de sair do escuro de um bar.
Parou numa passadeira, e um grupo de raparigas calou-se ao seu lado. Elas olharam para ele de alto a baixo, e começaram a comentar coisas baixinho, enquanto se riam. Ele apercebeu-se disso, deu um passo ao lado e ajeitou o casaco. Pensou que talvez tivesse alguma coisa na cara, e porque raio o homenzinho vermelho nunca mais passava a verde...

Mas ele era assim: uma estampa, diziam uns. Um arrogante, diziam outros. E ele, como não sabia fazer mais nada, aproveitava. Se elas queriam ir para a cama com ele, excelente. A porta fica ali no corredor, depois é só descer as escadas... Se eles queriam ser amigos dele, melhor. Mais amigas se seguiriam. No fundo, a relação mais verdadeira que ele tinha era com uma garrafa de cerveja, aquela que se seguia à anterior. O demais eram coisas triviais.

Perto do Dia dos Namorados (a caixa de mensagens do seu telemóvel já não aguentava nem mais um convite para essa noite...), ele descia a Rua do Alecrim. Por alguma razão, talvez por ser o fim da tarde, a rua estava cheia de gente que andava para cima e para baixo, movendo-se rapidamente.
Contudo, ele descia ao seu passo, desviando-se devagar, vendo o corropio em câmara lenta, indiferente.

O rosto dela iluminava-se com uma aura dourada - um resquício dos raios de sol da tarde, incidindo nela. Morena, com um cachecol vermelho, ia subindo a rua, os olhos saltitando entre os transeuntes e os carros. A ele, pareceu-lhe ter escutado uma canção familiar ao longe, e seguiu a luz. Ela olhou para ele, primeiro como quem olha para o vazio, depois observando-o por uns segundos. O raio de luz cruzou as lentes dos óculos escuros, e ele entreabriu os lábios, como se fosse beijá-la. Mas, ao passar ao lado dele, ela só sorriu e continuou a subir a rua. Ele parou e olhou para trás, observando-a. Era apenas uma rapariga de sobretudo creme, um cachecol vermelho e calças de ganga...

Nessa noite, ele estava com os amigos de sempre, no café do costume, mas por alguma razão, nada lhe parecia igual. Brincava com a garrafa de cerveja, distraído, como que tentando fingir que estava tudo na mesma. Pela primeira vez, admitiu para si - em segredo, nunca ninguém poderia saber - que estava tão sozinho que doía. Não era amor, eram sombras que o rodeavam, e que se dissipavam quando ele as procurava. Bebeu mais um gole de cerveja, mas a garganta tinha um nó. Os risos, as conversas, a música, a presença humana, estavam tão longe... preso numa cave da sua própria mente...

Era de manhã. Ele estava diante do espelho, compondo a gola da camisa, esticando levemente o pescoço. Não se conseguia habituar àquela camisa, tão apertada...
De repente, parou e ficou simplesmente a olhar para o seu reflexo. Não era a camisa que estava apertada, era o peito. Vieram-lhe as lágrimas aos olhos e mandou uma cabeçada contra o espelho, partindo-o.

Ao ver o sangue a escorrer-lhe na testa, sentiu-se um bocadinho mais vivo. E depois desmaiou.

Ninguém veio ver dele...